[I have been reading Houllebecq in Portuguese, and thus notes will be in Portuguese as well, at least for now; however, I do recognize he is one of the most sought contemporary writers, and thus, yes, I'll make some efforts in the future.]
Já ouvia falar dele há vários anos, e dado que queria passar mais tempo junto de trabalhos de ficção, vim aqui parar. Em geral, fácil de ler, apesar de frequentes incursões em território mais espinhoso (as situações, digo, algumas são bem desagradáveis), e assenta-lhe bem esta figura de bardo contemporâneo, a apontar o dedo à sociedade por meio das suas personagens que, por uma questão de saudável distanciamento, vou considerar caricaturais.
Há uma envolvência com o tecido narrativo, as frequentes incursões paralelas — isto é ainda pós-modernismo ou será apenas internet? É divertido, apesar de tudo (faz lembrar, em certos aspectos e daí a questão, o que o David Foster Wallace fazia, mas aqui é menos sério, claro) —, a maneira como mistura a realidade com a ficção, e por isso talvez seja tão provocador; ri-me muito com certas passagens, outras quase levei a peito, e outra achei realmente surpreendente; esta última é a que me faz considerar que Houllebecq, seja autor personagem ou narrador, não é absolutamente desprovido duma certa noção do que é lógico ou benéfico para a humanidade em geral.
A tradução, deste, é do Valério Romão. Não estava a contar ler mais nada do Houllebecq tão cedo (para não monopolizar o meu horizonte de leitura, nem, pior seria, identificar-me demasiado com este universo que acaba por ser algo triste), mas vi na 100ª página uma bonita, pequena e prática edição do O mapa e o território, que ainda por cima tem tradução do Pedro Tamen; então, por curiosidade editorial, trouxe-a também (e leio agora).
Title | Serotonina |
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Author | Michel Houllebecq |
Publisher | Alfaguara |