A verdade é que não sabÃamos nada, ou quase nada, sobre as consequências a longo prazo das manipulações genéticas vegetais, mas, a meu ver, o problema não era sequer esse, o problema era que os produtores de sementes, de adubo e de pesticidas desempenhavam, pela sua mera existência, um papel destruidor e letal no plano agrÃcola, esta agricultura intensiva, baseada em explorações gigantescas e na maximização do rendimento por hectare, esta indústria agrÃcola inteiramente baseada na exportação, na separação da agricultura e da pecuária, era na minha opinião exactamente o contrário daquilo que devÃamos fazer, se querÃamos alcançar um desenvolvimento sustentável, havia pelo contrário que privilegiar a qualidade, consumir localmente e produzir localmente, proteger os solos e os lençóis freáticos, regressando à s rotações complexas de culturas e à utilização de fertilizantes animais. Devo ter surpreendido mais do que uma pessoa, no decurso dos múltiplos convÃvios de vizinhos que aconteceram nos primeiros meses da nossa mudança para lá, pela veemência e pelo carácter extremamente documentado das minhas intervenções nestes temas, claro que eles pensavam o mesmo que eu, mas sem saber patavina do assunto, na verdade por mero conformismo de esquerda, a verdade é que já tinha tido ideias, quiçá até um ideal, não era por acaso que cursara Agronomia e não uma escola generalista do tipo politécnico ou escola superior de estudos de comércio, em suma, tinha tido um ideal e estava a traÃ-lo.